quarta-feira, 15 de abril de 2015

O vento

Eu estava regando as pimenteiras na varanda numa dessas primeiras manhãs frias de outono. Numa mão o regador e na outra a xícara de café quente. Lá embaixo a rua ainda jazia deserta numa expectativa silenciosa pelo burburinho iminente da vida. Eu costumo saborear esse primeiro momento do dia: o silêncio, o café, os gatos lânguidos andando pelas minhas pernas e aquela aquarela de cores no céu. 

Ainda agachada senti o vento percorrendo minhas costas. Uma lufada de vento...  como um redemoinho que passou por mim e seguiu sacudindo flores e árvores. Assim como chegou, foi embora. Mal tive tempo de me levantar e a rua já estava plácida novamente. Meu coração estremeceu. Não ando dada a misticismos ultimamente, mas eu quis acreditar que era você. Fechei os olhos e você foi se desenhando dentro de mim. O sorriso largo, os olhos quase esverdeados, o rosto tão adorado. 

Me deixei ficar ali. Queria congelar aquele momento sem me importar com as pontas dos meus dedos enrijecidas segurando o regador ou com o café esfriando na caneca. Queria estar ali com você. Em silêncio me deliciando mais uma vez com teu sorriso. E assim fiquei até que você foi se dissipando e só sobrou o silêncio da manhã novamente. Abri os olhos meio tonta e me apoiei no espaldar contemplando a rua que há mais de uma década contemplávamos juntos. Mas dessa vez seu braço não me envolvia me protegendo do frio e de todo o resto do mundo.

E então decidi entrar e voltar para a realidade, para o dia que começaria em poucos minutos e que teimaria em me levar pra longe dessa memória, inutilmente. Fechei a porta de vidro e lancei um último olhar para a varanda como se você ainda estivesse ali. Como se te soprasse um beijo, ansiando secretamente pela próxima ventania. 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Um tempo entre o certo e o incerto

Existe um tempo entre o certo e o incerto que é quase como um sonho, é quase irreal. E nesse tempo, muito longe da segurança do que vem para ficar, é que vivi em carne viva. Nesse tempo amei ferozmente, dirigi imprudentemente, fui fulminada por uma paixão violenta, lutei, perdi a compostura, traguei a vida como um cigarro na madrugada insone, perdi a hora, dancei na chuva, gargalhei, desabei em choro compulsivo. 

Passados anos, já segura e amparada pela experiência, já marcada pela dor, já engolida pela rotina, as lembranças do frenesi foram se apagando feito as últimas brasas de uma fogueira. Me deixei levar como autômato pelas horas que vão nos engolindo e nos fatiando. Sim, as horas andam a me fatiar. Me distribuem em pedaços, um naco para o trabalho, outro para a família, algumas migalhas aqui e acolá para pequenos prazeres. Quando olho para trás não me reconheço mais naquela pessoa frenética, com fome de vida. Aquela pessoa me parece estranha, indomada, intempestiva, apaixonada... jovem demais. E com o tempo passei a olhar menos para trás e a me entregar mais e mais às horas. 

Mas por um lapso qualquer hoje me libertei das horas e acabei assistindo um filme. Um filme sobre uma mulher que vive aquele tempo entre o certo e o incerto. Uma mulher que vive em carne viva. Que ama ferozmente, dirige imprudentemente, que luta, que chora, que gargalha, que se deixa levar, que se expõe. E que perde. Perde como eu perdi. Perde o que eu perdi. E quando o filme acabou eu já tinha sido revirada do avesso. 

Andei pela casa, perdi o sono, tudo ao meu redor me era estranho. Sufocada abri a janela esperando que o vento me carregasse dali e me levasse de volta à uma tarde ensolarada em meados de 2000. O carro deslizando pela estrada, o mundo se resumindo às quaresmeiras floridas se exibindo aos meus olhos. A alma naquele transe que só a paixão é capaz de nos dar. O amor, o amor, o amor. Um amor por quem lutei, por quem estremeci, a quem me entreguei. Um amor salgado. Salgado de mar, de suor e  de lágrimas. O amor de Piaf, de La vie en rose e Ne me quite pas. 

Tento dormir, mas sei que será em vão. Agora somente as horas serão capazes de levar embora aquela moça apaixonada e me devolver às certezas - tão incertas - do presente. Fecho os olhos... a memória lateja e eu só consigo pensar na frase de Rumi: "Em algum lugar, além do certo e do errado, existe um jardim. Nos encontraremos lá." E lá serei aquela moça de novo. 


sexta-feira, 28 de março de 2014

Treze anos sem você.

Amanhã faz treze anos que você se foi. Assim num piscar de olhos. De repente e pra sempre. E a sua partida me deixou o 'nunca mais'. Nunca mais vou ouvir sua gargalhada, nunca mais vou te ver tocar, nunca mais vou sentir seu cheiro, nunca mais vou sentir suas mãos procurando pelas minhas, nunca mais vamos trocar juras de amor olhando para o mar... nunca mais.

Me lembro dos primeiros dias, da dor profunda, do desencanto com o tempo que tinha me restado sem você, daquela ausência sentida, da falta de sentido. Quando finalmente consegui me levantar da cama e retomar minha vida não foram poucas as vezes em que me perguntei como o sol ainda nascia e nos presenteava com dias tão lindos, como as pessoas podiam celebrar, como ainda havia noites enluaradas... se você não estava mais aqui. Como?

O tempo foi passando e a dor foi se transformando em saudade. Minha mãe cuidou de mim ferozmente nos primeiros anos, Vado. Foi uma leoa. Penso que tinha medo. Medo de que eu fizesse alguma bobagem, medo de que eu desistisse. Carinhosamente ela me dizia: Vai passar, filha. Vai ser uma lembrança linda na sua história. E eu aceitava as palavras dela assim como aceitava as xícaras de chá e também aceitava a passagem do tempo. Mas lá dentro eu respondia: Não. Não vai passar nunca. Só nós dois sabíamos da dimensão do nosso amor. Ninguém mais. 

Vieram verões, outonos e invernos. E vieram as primaveras, Vado. As primaveras sem você sempre foram e sempre serão algo inconcebível. A Nonna se foi. Sua mãe se foi. O Pedro foi crescendo. O Yamandu ficou famoso como você tinha previsto aquela noite no Memorial da América Latina e eu fui assisti-lo tocar outra vez. Dessa vez sem você. O Jorge ganhou um concurso e gravou um CD. Fui vê-lo tocar. Mais uma vez sem você. 

Os anos foram passando. Tanta coisa acontecendo no mundo que você teria adorado ver. E eu te contando como se você pudesse me ouvir. E ouvindo dentro de mim tua risada acompanhada daquele teu: 'É nada!?' Sinto saudade, Vado! Tanta saudade! Quando o céu está bonito, quando toca Wave, quando uma borboleta pousa perto de mim e fica exibindo suas cores, quando vou a Santos e olho a mureta dos pescadores... A verdade é que sinto saudades quando respiro e assim será pra sempre. 

Sonhei com você essa noite. Passeávamos de braços dados e você me mostrava lugares lindos, quase surreais. Contava histórias cheias de 'tus' e de 'tis'. Estávamos felizes e você parecia dez anos mais jovem. Acordei e, por alguma razão, me lembrei do texto 'Apelo' do Dalton Trevisan em que ele pede à mulher que volte mesmo sabendo que ela não voltará. E lá no fundo da minha alma, como Dalton Trevisan, eu murmurei essa manhã entre lágrimas de saudade e ignorando o irremediável: Volta, por favor! 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A dor do outro


Em 2009 eu vivia o pior relacionamento de toda a minha vida e sabia disso. Não vou entrar em detalhes aqui até porque é desnecessário para aquilo que esse texto almeja abordar. O importante é que o relacionamento era um barco furado, em chamas. Não me acrescentava nada. Me paralisava, me isolava, me deixava infeliz e ainda corroía aos poucos a minha fé na felicidade. E aí entra a pergunta:  Bem, se não havia mais nada, porque então se manter ali numa espécie de autodestruição tácita? Eu me fazia aquela pergunta inúmeras vezes enquanto me fingia de rogada e aceitava ideias como: "Sandra, você é carente."; "Sandra, você não quer ficar sozinha." Mentira. Tudo o que eu mais queria era ficar sozinha. Eu preferiria morrer queimada a continuar naquele relacionamento, seria mais prazeroso. Mas continuava ali, teimosamente, inerte, sem forças pra por um fim naquilo tudo. 

Então uma amiga minha da época da faculdade, que já tinha atingido o mais alto grau de inconformidade com aquele desgaste em vão, me indicou uma terapeuta. E lá fui eu, timidamente, para uma experiência que eu previa ser fadada à desgraça. E aqui faço uma pequena pausa para me explicar. Nada tenho e nada tinha contra a terapia. Ao contrário. O problema é que sou de escorpião e tenho uma imensa dificuldade em expor minha vida, minha intimidade, meus anseios mais profundos, minhas dores. Comigo isso só acontece depois de muita - muita mesmo - convivência. Sou o que se chama em Inglês de "dark horse". Demoro a me abrir. E isso só acontece com a chave certa, há que haver afinidade, confiança.

Mas fui e comecei a terapia. Hoje sei que foi o que de melhor fiz por mim. Embora as primeiras sessões tenham sido inférteis sob o meu ponto de vista - eram um marasmo de silêncio porque eu não me abria e nem sabia por onde começar a conversar com aquela pessoa estranha - continuei indo. Continuei por teimosia ou por aquela necessidade  premente  de não me afogar junto com o barco, de não me perder de mim para sempre. 

Com o tempo comecei a me soltar e aí vieram os resultados. A grande verdade é que a gente descobre que a terapia está fazendo efeito não pelos momentos em que você sai de olhos marejados se sentindo compreendida. A terapia está começando a funcionar quando você sai do consultório mais forte, confusa ainda, mas com uma imensa vontade de mandar a psicóloga à merda. É aí, exatamente nesse ponto, que a coisa começou a funcionar. Pode ter certeza. A terapia te alcançou e daí por diante a tendência é que comece a fazer efeitos 'a olhos vistos'.

Nesse ponto da minha terapia algo ficou claro. Algo foi finalmente dito: eu havia sofrido uma perda chocante, inesperada, avassaladora e a a minha dor havia sido tão profunda e tão dilacerante que eu havia mudado. A perda me causara uma espécie de desvio me levando a um enfraquecimento progressivo. E a minha dor tinha sido - e ainda era, passados nove anos - tão profunda que eu acabara por assimilar todas as outras dores que não eram minhas. Eu sentia a dor dos outros, inclusive aquela que eu ainda poderia vir a causar. Terminando um relacionamento, inclusive. Um relacionamento que me fazia mal, mas do qual eu não conseguia me livrar porque temia causar dor. E de dor eu entendia como ninguém. Maluco, não?

A terapia levou meses. Poderia ter levado anos. Me fortaleceu. E, depois de muita luta interior, consegui terminar de vez aquele relacionamento nocivo do qual me arrependo amargamente. Meu único e maior arrependimento nessa vida. O grande desafio não foi o 'ato' de terminar em si, de me salvar daquilo. o desafio foi vê-lo sofrer e não tomar aquela dor para mim. Minha terapeuta disse - e disse inúmeras vezes, como se fala com uma criança - que aquela era a dor dele, não a minha. E que eu deveria me exercitar e tentar parar de sentir a dor alheia. Porque, segundo ela, eu sentia a minha dor e a dor do mundo todo com uma intensidade lancinante. E, quem sabe o outro não a sofresse naquela medida, com aquele mergulho ao inferno. Saber encarar a dor do outro com compaixão mas com um certo distanciamento salvou a minha vida. E devo isso à terapeuta. 

E porque esse assunto hoje passados quatro anos? Porque há dois meses eu adquiri o hábito de ouvir um programa na Rádio Eldorado todas as segundas à noite chamado "Quem somos nós". O programa é leve, filosófico, brincalhão. Comandado pelo excelente Celso Loducca que ontem entrevistava um iogue. E vinha eu dirigindo perdida nos meus pensamentos quando ouvi o monge contar que sempre padeceu durante toda a sua vida por causa de sua compaixão excessiva. Dizia ele que sentia de forma contundente dentro de si a dor do outro, a dor do mundo. E que enquanto não soube equilibrar essa maneira errada de sentir compaixão e empatia, isso foi extremamente desorientador e prejudicial para ele. Aquiesci silenciosamente enquanto deslizava pelo Rodoanel vazio, escuro e acolhedor. A dor do mundo quase me afogou também. Quase me perdi de mim mesma, coisa que espero nunca mais deixar acontecer. 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Amarello Amor, Amor com letra maiúscula.


Hoje a Dulce me arrancou da correção de inúmeras provas. Arrancou suavemente e me levou pra dar uma volta numa máquina do tempo. Andei uma década no tempo. Obrigada, Du, por me conduzir inesperadamente até o período mais lindo e romântico da minha vida. 
Amarello Amor
"O que existe além do que ja foi dito sobre o amor? Toda minha é vida pautada em amores que tive ou gostaria de ter. Falando sobre os que tive, também não tenho muito que dizer. Amei e fui muito bem amada. Mas foi um amor, um único amor, que veio e cruzou minha vida, tocou minha alma e ficou marcado em minha pele.
Todos nos carregamos conosco uma história. Aquela que só nos atrevemos a lembrar, quando durante a noite no escuro, enconstamos nossas cabeças no travesseiro e o silêncio cala fundo. Não importam os anos, certas coisas simplesmente permanecem. Mas então, numa quinta-feira à tarde de um ano qualquer, tropeçamos nesse amor já supostamente esquecido. Percebemos que amor igual não há e que aquela pessoa continua e continuará a ser nossa referência afetiva mais sincera e profunda.
Não é doença nem obsessão. Aliás não é nada, só amor. Amor dos bons, daqueles que são únicos e maravilhosos, que acontecem poucas vezes na vida das pessoas. Daqueles amores que ficam e que teremos que conviver com ele como algo concreto e parte de nossas vidas. Que alma consegue atravessar a vida sem ter conhecido o amor e quem sabe, ter a sorte de ser correspondido? Que vida vale a pena sem amor? Nenhum sentimento é mais lindo profundo e transformador que o amor. Só amor transcende e purifica, enlouquece e cura, invade, permanece, liberta e aprisiona. Quando acontece é um som grave que penetra invade e permanece. Não compliquem e nem elaborem o sentimento mais incrível e poderoso de todos. Permitam que ele chegue e se instale. Porque o resto são bobagens meninos, bobagens."

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Seizing the days... or maybe life.


Começou com uma dorzinha fina e insistente numa terça à noite durante uma aula. Não dei muita atenção. Mas no dia seguinte lá estava ela de novo, mais intensa, como uma fisgada no lado direito e irradiando por todo o meu tórax e costas. Tentei ignorá-la sem sucesso até que na quinta fui obrigada a ir para o hospital. Chegando lá exames diferentes, médicos diferentes e uma infinidade de picadas de agulhas e remédio na veia. Pensei comigo "Mas isso é hora pra uma coisa dessas acontecer! Tenho compromissos, tenho aulas, tenho projetos em andamento, tenho contas pra pagar, tenho caraminholas na cabeça pra organizar". 

Um dia inteirinho passado no hospital e o diagnóstico às 23h30m "Vou encaminhá-la para um cirurgião." Aqui cabe uma digressão: eu simplesmente tenho pavor de cirurgias. Só fiz uma em minha vida, uma cesariana - a cirurgia mais abençoada desse mundo - e pela minha maior razão de viver, meu filho. Desde então eu fujo de hospitais como o cramulhão foge da cruz. Logo dá pra imaginar que saí de lá com a alma cambaleante, meio atordoada. "Poxa, Deus, porque isso agora? A gente tava indo tão bem..." 

Os dias foram correndo. As dores foram amainando graças aos remédios. Eu fui sendo levada de um médico a outro como uma dessas folhas de outono que não tem muita opção a não ser serem levadas pra onde o vento sopra. Fui silenciando. De repente minha rotina desmoronou sobre minha própria cabeça, sobre todo o meu ser. Eu tinha estado trabalhando por mais de 14 horas por dia de segunda à sábado. Eu tinha deixado de ver meus amigos. Eu tinha deixado de me alimentar adequadamente, de descansar minimanente, de espairecer. Eu tinha deixado de estar com meu filho, com minha mãe, com minha afilhada. Acreditem, é uma visão e tanto pra se ter quando você sabe que vai ser submetido à uma anestesia geral em breve. 

Percebi que, gradativamente, algo começou a mudar dentro de mim. Uma espécie de tomada de consciência, uma urgência quase latejante. Me lembro de ter acordado cedo num dia como qualquer outro e ter me sentido diferente. Vesti o roupão por cima do pijama e coei um café. Abri a sacada e olhei pra rua, pra vida amanhecendo. Tomei meu café ali mesmo assitindo aquele amanhecer como quem assite um espetáculo raro. Nenhum pensamento conseguiu cruzar a minha mente. Só aquela sensação de poder admirar o amanhecer, do contraste do ar frio de inverno com o céu alaranjado do raiar do dia. Então me ouvi sussurrar: Eu adoro viver. Mas não tenho vivido. 

Passei a correr menos. A prestar mais atenção. Tenho fotografado pores de sol, tenho ouvido mais músicas, tenho tirado mais tempo pra mim. Tenho estado mais com meu filho. Tenho saído com meus amigos. Tenho sentido essa vontade infinita de viver, de aproveitar cada momento, seizing the day como quem chupa uma laranja até que nada mais reste além do bagaço. Por vezes esqueço da cirurgia iminente, do medo... como no último domingo quando senti o vento me beijar o rosto e lamber os cabelos no alto da montanha. Ali, acima das nuvens, em meio ao fog e a paisagem tão etérea, tive por um momento a sensação de que tudo estava bem, exatamente onde deveria estar e que, de alguma forma, algo muito maior do que eu me abraçava e me amparava. E só por sentir isso, toda a mudança recente em minha vida valeu a pena. Sim, valeu. E pensar que começou com uma dorzinha fina que tentei ignorar durante uma aula numa terça-feira qualquer. 


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um apito


Um apito desses de fábrica soa ao longe e eu, que não faço idéia de onde possa haver uma fábrica aqui perto de casa, sou roubada de meus pensamentos. Devaneio. O apito, a usina, as chaminés flamejantes lambendo o céu escuro e o barulho do trem carregando aço até o porto ou serra acima. A madrugada de verão em minha juventude, a janela aberta na vã esperança de que a brisa pudesse amainar o calor e Ella fitzgerald  cantando Dream a little dream of me num rádio distante, fazendo latejar ainda mais a saudade. Penso nos meus 27 anos. Penso em como eu ainda não sabia que as partidas seriam determinantes para o desenho desse futuro que tardou tanto a chegar.